A inclusão dos riscos psicossociais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) tem ganhado relevância nas discussões sobre saúde ocupacional. Cada vez mais, o ambiente de trabalho não é analisado apenas pelos riscos físicos, biológicos ou ergonômicos, mas também pelos fatores que afetam a saúde mental dos colaboradores. A saúde mental tornou-se um dos principais temas em destaque nas áreas de medicina do trabalho e segurança ocupacional, principalmente após o aumento de afastamentos relacionados a transtornos mentais, como ansiedade e depressão, exacerbados pela pandemia de Covid-19.
Cuidando do bem-estar psicológicos dos trabalhadores
Os riscos psicossociais referem-se a condições de trabalho e fatores organizacionais que podem prejudicar o bem-estar psicológico dos trabalhadores. Carga de trabalho excessiva, falta de controle sobre as atividades, assédio moral, conflitos interpessoais e ausência de apoio social são alguns exemplos de fatores que podem resultar em doenças mentais, como Burnout, ansiedade e depressão. Com o avanço das discussões sobre saúde ocupacional, gestores e especialistas estão reconhecendo a necessidade de abordar esses riscos de maneira sistemática e eficaz.
Novos desafios para a Medicina do Trabalho
A Portaria MTE nº 1.419, de 27 de agosto de 2024, oficializou a obrigatoriedade de incluir a avaliação de riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Agora, além de identificar e controlar riscos tradicionais, as empresas deverão também monitorar fatores que podem comprometer a saúde mental dos seus colaboradores. A medicina do trabalho, que historicamente se focou na prevenção de acidentes e doenças físicas, agora se vê diante do desafio de adaptar seus programas de saúde e segurança para também contemplar os aspectos mentais e emocionais do ambiente de trabalho.
O que muda com a NR-1?
Entre as principais mudanças trazidas pela atualização da Norma Regulamentadora 1 (NR-1) está a necessidade de avaliações contínuas e o desenvolvimento de estratégias de mitigação de riscos psicossociais. A implementação de programas de apoio psicológico, treinamentos em gestão de estresse e a promoção de uma cultura organizacional positiva são algumas das medidas que podem ser adotadas pelas empresas. Esses esforços, alinhados à prática da medicina do trabalho, podem resultar em ambientes mais saudáveis e produtivos.
A adaptação das empresas a essa nova realidade também deve incluir a capacitação de seus profissionais de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Eles terão um papel crucial na implementação do novo PGR, que agora precisará integrar de forma abrangente as questões de saúde mental. Além disso, as empresas terão 270 dias para se adaptar às novas exigências, um período em que será essencial a criação de condições e ferramentas para a gestão eficaz desses riscos.
Redução de afastamentos e aumento da produtividade
No cenário internacional, vários países, como México, Colômbia e Chile, já adotaram regulamentações sobre riscos psicossociais. Esses exemplos mostram que medidas eficazes nesse campo não apenas protegem a saúde ocupacional dos trabalhadores, mas também trazem benefícios como a redução de afastamentos e o aumento da produtividade. A integração dos riscos psicossociais ao GRO é um passo essencial para garantir um ambiente de trabalho mais seguro e saudável, promovendo o bem-estar integral dos colaboradores.
Conclusão
Com essa inclusão, a saúde ocupacional ganha uma nova dimensão, onde a saúde mental passa a ser tratada com a mesma seriedade que os riscos físicos e biológicos. Empresas que abraçam essa mudança podem se beneficiar de um ambiente de trabalho mais equilibrado, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e a eficiência das organizações.